ARTIGO PEDIATRIA
OBJETIVOS: Descrever os resultados do teste do reflexo vermelho em recém-nascidos a termo. Identificar fatores associados ao resultado do teste do reflexo vermelho e comparar o tempo de internação entre pacientes com teste do reflexo vermelho duvidoso e normal.
MÉTODOS: Estudo transversal descritivo dos resultados do teste do reflexo vermelho feito em maternidade de hospital terciário entre 2014 e 2018. Foi ainda feito estudo de caso-controle aninhado para pesquisa de variáveis antropométricas, gestacionais e neonatais associadas ao resultado do teste do reflexo vermelho.
RESULTADOS: Foram identificados 121 casos de teste do reflexo vermelho duvidoso em 11.833 recém-nascidos. Foram confirmadas 16 alterações, 4 consideradas graves: 2 casos de glaucoma congênito, um de catarata e um de coloboma. As médias de peso de nascimento (p = 0,04), comprimento (p = 0,03) e perímetro cefálico (p = 0,02) foram menores nos pacientes com teste do reflexo vermelho duvidoso, entretanto sem um tamanho de efeito relevante (d = -0,21; -0,22 e -0,25; respectivamente). A proporção de pacientes brancos, pardos e negros foi estatisticamente diferente entre os grupos (p < 0,001), com maior chance de resultado duvidoso para pardos (OR = 2,22) e negros (OR = 3,37) em comparação a brancos. O teste do reflexo vermelho duvidoso levou a um aumento no tempo de internação de 62 para 82 horas (p < 0,001).
CONCLUSÕES: O teste do reflexo vermelho foi capaz de identificar 4 alterações graves em 11.833 recém-nascidos (0,03%). Nos 121 recém-nascidos em que o teste do reflexo vermelho foi classificado como duvidoso, houve aumento de 20 horas no tempo de internação hospitalar, porém se confirmou alteração grave em apenas 3,3% deles. Diferenças no reflexo vermelho entre brancos, pardos e negros devem ser consideradas.